Pra quem não sabe, eu sou um pseudônimo nada anônimo de uma pessoa que, desde os seus 20 e poucos anos, resolveu levar adiante uma relação que - ela sabia: estava fadada ao fracasso. Um cara que a tirou da solidão. Um cara que estava sempre ali. Um cara que, mesmo sem falar as 3 palavrinhas mágicas que ela queria tanto, "falava" com atitudes. Um cara que estava ali, chegou pra lhe fazer companhia quando ela se sentia mais sozinha no mundo: longe da família, longe dos amigos, em uma cidade que, apesar de ela conhecer tão bem, sentia-se sozinha por estar longe. E ele apareceu após longos três anos de uma solteirice muito bem aproveitada vinda depois do término de um noivado que não deu certo. Uma confusão. Um cara que (isso ela descobriu depois, quando já estava bem enrolada e cegamente apaixonada) era seu total oposto. Total e completo oposto. E ela se viu sem chão, pois ele era a sua segurança. E aos poucos ela foi percebendo que poderia viver sem ele.
E aí começou o vai e volta, inseguranças, possessividade e ciúmes dele brigando com o desejo de liberdade dela, mas, apegada aos finais de semana preguiçosamente passados com ele, deixou ir. E a vida foi seguindo seu rumo. Mas quando ela viajava todo final e meio de ano, voltava pro seu ninho, revia amigos, família, ela não queria voltar. Mas sempre voltava. Afinal, seu "futuro" estava ali. Um futuro que agora ela não quer mais. Nem pela profissão que a muito custo conquistou, nem pelo coração. E num desses finais de semana solitários ela finalmente entendeu que vai acabar, ela queira ou não, vai acabar. Mas vai acabar a seu tempo, quando ele entender de uma vez por todas que não dá mais. Sem brigas, sem chororô, sem gritarias, sem palavras que nunca devem ser ditas, sem rancor.
Passados tantos anos, e depois de tanto tempo, ela quer se desvencilhar, quer estar livre de novo, disponível no mercado, como se diz tão popularmente hoje em dia. Solteiríssima e seguindo nova carreira. Quer e tem medo. Ela precisa de coragem, alguém tem?
Afinal, ele é só um cara.